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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Hillary Clinton e o Desejo "Masculino" Pela Extinção das Mulheres... A Etologia Explica...

Fonte da foto:
http://edition.cnn.com/election/primaries/candidates/hillary-clinton


Tenho amigos machos em mais de 60 países. Isso significa que tenho visto, descritos em quase 60 idiomas diferentes, os orgasmos masculinos mundo a fora pela vitória de Trump e a consequente derrota da Sra. Clinton. Isto é curioso porque a maioria das descrições destes orgasmos masculinos "trampnianos" está acompanhada de xingamentos, aviltamentos e até ameaças de morte à candidata derrotada, Hillary Clinton.
"Pro inferno, sua puta!", escreveu alguém em inglês, ou italiano - não me lembro exatamente. Mas vi nestes últimos dias uma enxurrada de ataques superficialmente dirigidos contra a Sra. Clinton, mas que, na verdade, observando etologicamente o cotidiano destes atacantes, evidencia-se que se trata de uma violência contra as mulheres em geral. Entre no perfil de um homem que xinga uma mulher no Facebook, por exemplo. Tome suas postagens como manifestações etológicas de seu ser em contato com seu habitat natural. Você verá que em suas falas, em suas fotos, em seus vídeos, o homem estará sempre firme e presente...
No campo das ciências do comportamento, a Etologia constitui, a meu ver, a mais magnífica das ciências. Certamente minha inclinação pelas ciências criminais tem um forte peso sobre esta constatação. Etologia é uma palavra de origem grega e significa, etimologicamente, "estudo do hábito", ou "estudo do que é costumeiro". Também amo Psicologia, mas vejo, pelo viés jurídico, o uso da Etologia como a melhor forma para se obter provas concretas para o diagnóstico de certos repertórios de padrões de comportamentos apresentados pelos grupos dos chamados animais sociais. Através de minhas observações daquilo que é costumeiro no comportamento do homem-padrão, cheguei à conclusão de que este indivíduo é o único no reino animal que nutre desejo (isto, graças à sua pretensa racionalidade) de extinguir a presença da fêmea de sua espécie em seu habitat.
Não acredito em governos e, menos ainda, em democracia. Sou completamente indiferente ao sexo do fantoche da vez que ocupe o "poder". Pra mim, tanto a Hillary Clinton quanto o Trump se converteria o fantoche da vez nas mãos dos megaempresários americanos. Coube a Trump este papel. Entretanto, devido às minhas inclinações subjetivas pelo sexo feminino - não consigo me ver num ambiente sem a presença de mulheres - para mim seria muito mais interessante ver, nas poucas vezes em que assisto Tv, o rosto inteligente e feminino de uma senhora de 70 anos ainda muito atraente que o de um palhaço de idade equivalente, mas pantomimicamente "machão" - para os homens-padrão.
Não acho que os homens-padrão devam gostar da presença feminina, como eu gosto, nem os estou criticando por isso. Na verdade, o que acho curioso é o fato deles não estranharem em si mesmos as raízes de tais comportamentos. O homem "machista" é muito macho, tem desejo de excluir da sociedade mulheres e homossexuais... Para tornar a sociedade 100% masculina! Mas, me pergunto, uma sociedade 100% masculina, formada com indivíduos 100% XY ("machos") não seria uma sociedade homossexual (com a prevalência de apenas um gênero)???
O que a Etologia tem a ver com isso? O ataque e os esforços "masculinos" em subtrair a presença feminina de todos os âmbitos da sociedade é algo que pode ser constatado através de imagens do cotidiano de qualquer homem-padrão. O homem-padrão está sempre procurando um meio de empurrar a mulher para as margens da sociedade, ele precisa da mulher para a escravidão e procriação - e só. Enquanto ele marginaliza as mulheres, cerca-se de "homens". Para ele, infelizmente, a ciência ainda não tornou possível a gestação masculina. No dia que isso acontecer, o homem-padrão criminalizará a maternidade e tornará a gravidez masculina como o único meio aceitável de reprodução humana. Naqueles dias, o aborto, por exemplo, será descriminalizado para os futuros papais que optem por interromper a gestação intestinal... Não apoio o aborto livre, mas o que estou colocando aqui é o fato de o mesmo ser crime apenas porque é uma coisa de mulher. A sodomia, fosse praticada entre um homem e uma mulher ou ente dois homens, foi criminalizada internacionalmente durante séculos... Bastou que um punhado de homens decidissem que aquela era a melhor forma deles mesmos sentirem prazer com seus próprios corpos, tais leis foram abolidas, cedendo lugar para estatutos que passaram a reconhecer como direito inalienável aquilo que antes era visto e punido como crime. Se a homossexualidade fosse uma possibilidade apenas feminina, a Organização Mundial de Saúde jamais a teria retirado de sua lista de enfermidades psiquiátricas.
Portanto, Vide com olhos etológicos a ti próprio, ó homem-padrão! Quantas horas de teus dias tu dedicas ao culto do "macho", em ambientes carregados de testosterona? Em contrapartida, quantas horas de teus dias tu dedicas a difamar, denegrir, aviltar e subtrair o feminino de teu mundo. Não te esqueças o que disse Lucy Irigaray sobre teu comportamento: "A heterossexualidade (machista) é a homossexualidade entre homens, mediatizada pelo corpo da mulher.
Como homem, não gosto de política e uma das razões que me levam a amar a mulher é justamente esta aversão inata da mulher para com a política. As mulheres possuem um mundo interior muito rico e vibrante, que extrapola os tapinhas nas costas, bajulações, sorrisinhos falsos e tantas outras hipocrisias e superficialidades.
Aristóteles estava certo quando disse que o homem (padrão) era um animal político. Com olhos etológicos, vejo que o mundo político é o mundo ideal do homem-padrão. Há sempre uma erotização subjacente em todas as reuniões e discussões políticas (não apenas políticas) em que predomina o homem-padrão. É excitante para o homem-padrão gritar, brigar, bajular e discutir política - entre outros homens-padrão. O homem precisa fazer política com outros homens. A presença de mulheres na política será sempre uma ofensa àquilo que o homem-padrão tem de mais sagrado na idealização de seus herméticos grupos sociais: a preservação e a exclusividade da "masculinidade". Não ao estrogênio! Sim a testosterona!
É estranho, demasiado estranho!, que a mulher ainda não tenha percebido as reais motivações para tanto desejo de subtração do feminino. Investigando as relações homem-mulher sob as luzes da Etologia, fica bem claro que nunca houve, por parte dos homens, um desejo de excluir a mulher das relações e espaços sociais. Há, sim, um desejo de excluir a mulher e todos os símbolos femininos da face da terra, em prol da prevalência absoluta do homem (padrão) e de tudo o que é masculino. Mas, me pergunto, um mundo só de homens?...