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Foto: CFR.ORG. |
- Ivo, eu respeito muito o seu trabalho e capacidade. Vocês estão fazendo uma revolução na área, mas... o que vocês estão ganhando com isso?! Se fosse comigo, não pensava duas vezes (aceitava).
Meio contrariado, respirei fundo e respondi:
- E as vidas que salvamos? O engraçado é que, apesar de ter certeza disso, continuarei seu amigo, porque sei que seria assim mesmo. Nossa maior característica como povo é nos indignarmos diante da corrupção... desde que ela não nos favoreça.
Este mesmo amigo, anos atrás, teve um problema sério com um de seus filhos. A criança ficou internada por vários dias precisando de um tratamento que nem é tão complexo, e vi a fragilidade e o desespero estampado no rosto daquela família. Eles mobilizaram até o prefeito da cidade, na esperança do auxílio num tratamento particular. Levando em consideração a nossa amizade de longa data e o fato de a paciente ser uma criança indefesa, me prontifiquei, por dias seguidos, a encontrar pela internet os principais centros de tratamento daquela enfermidade em nosso Estado. Dei alguns telefonemas, conversei com alguns especialistas e, em poucos dias, a criança estava se tratando. Durante uma semana parei de trabalhar e passei a auxiliá-lo na busca por aquele tratamento. Não fui o principal agente para que a criança recebesse o tratamento, mas fui um dos principais responsáveis. Nunca cobrei daquele amigo e pai desesperado um único centavo por isso. A recuperação de sua criança e sua felicidade me pagaram muito bem. Porque então acreditar que meu trabalho só foi importante até o momento que o servi?
Temos que parar de pensar a partir destas premissas aqui no Brasil:
A CORRUPÇÃO É FEIA... DESDE QUE NÃO NOS FAVOREÇA.
E:
A FILANTROPIA É UMA ESTUPIDEZ... DESDE QUE NÃO NOS FAVOREÇA.
Por "imaturidade" egoística, pensamos que o trabalho voluntário só é digno quando favorece a nossa família e que a corrupção só é feia quando favorece a família dos outros. É uma bela forma de pensar.
"Ao longo de 1 hora, 27 minutos e 36 segundos ele tentou nos convencer a irmos ao Rio de Janeiro para receber suborno, oferecendo-nos, em troca de nosso silêncio, uma cadeira nas reuniões de cúpula do INCA/Ministério da Saúde para que, juntos, decidíssemos sobre os novos rumos das diretrizes das políticas para transplante de medula óssea e armazenamento de células-tronco de sangue de cordão umbilical e placentário no país. Na madrugada seguinte à ligação, mandamos uma carta expressando categoricamente que não aceitaríamos suborno, pedindo apenas que o doutor Luis Fernando Bouzas intermediasse a nossa saída do Brasil via Governo Federal/Ministério de Relações Exteriores.
Ele não respondeu a nossa carta e no dia 22 de outubro de 2013 nos transmitiu, via um empresário local ligado às falcatruas municipais do partido, a proposta do suborno de € 10 milhões de euros e passaportes com visto Schengen pelo nosso silêncio e destruição de todos os nossos arquivos relacionados à Máfia."
Carta enviada ao dr. Bouzas: http://genomabrasil.blogspot.com.br/2014/01/carta-ao-dr-luis-fernando-bouzas.html
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