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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Carta ao Dr. Luis Fernando Bouzas, cordenador do Redome e Rede BrasilCord

*Esta carta foi enviada ao Dr.Luis Fernando Bouzas na madrugada do dia 9 de outubro de 2013, horas após a sua ligação. Esperei sua resposta até a manhã do dia 10, quando decidimos publicar o conteudo da gravação, após percebermos (eu e Herlene) que estávamos sendo seguidos.
  


Foto: cordão umbilical, rico em células-tronco hematopoiéticas, utilizadas em transplante de medula óssea. Recolhidos ilegalmente pela Máfia do Transplante de Medula Óssea em maternidades públicas e privadas de todo o Brasil. Os resíduos de um único parto (cordão umbilical + placenta), após processados em laboratórios privados espalhados em todo o território nacional, como a Medcel, de propriedade do Dr. Luis Fernando Bouzas, pode custar no mercado negro gerenciado pela máfia R$ 500 mil reais. Fonte da imagem: sdcidad.blogspot.com.br    


Resposta ao Dr. Bouzas

De:ivosotn 
Para: luisbouzas@terra.com.br 
Assunto: Resposta ao Dr. Bouzas
Data: 09/10/2013 00:04

Caro Dr. Bouzas,


Confesso que sua ligação me pegou de surpresa. Sei de toda a sua história na área da onco-hematologia brasileira e internacional. Confesso que esbarrar com o mutismo da comunidade onco-hematológica brasileira diante da publicação da Portaria N° 844 me foi bastante traumatizante, uma vez que eu enxergava nos oncologistas verdadeiros anjos salvadores. Digamos que erros brutais foram cometidos com a instituição da mesma, sobretudo contra as minorias raciais pouco representadas no cadastro do Redome... 
Vou lhe ser franco, como costumo ser com todo mundo: apesar de saber que meu desaparecimento ou assassinato neste momento, juntamente com minha amada Herlene, desencadearia uma séria de acontecimentos catastróficos em várias instituições médicas e políticas brasileiras, em virtude da gravidade da denúncia que conduzimos e da internacionalização da mesma, temo por minha vida e pela vida de minha querida Herlene, a quem amo mais que a mim mesmo. Sei que o senhor é um médico de profissão, não um assassino. Seus erros e os erros dos demais condutores do Inca/BrasilCord/Redome estão implicados nos termos dos artigos 6° e 7° do Estatuto de Roma mais pela razão do conhecimento da produção dos efeitos de suas escolhas do que qualquer outra coisa. O artigo 30 do Estatuto de Roma diz:


     2. Para os efeitos do presente artigo, entende-se que atua intencionalmente quem:

        a) Relativamente a uma conduta, se propuser adotá-la;

        b) Relativamente a um efeito do crime, se propuser causá-lo ou estiver ciente de que ele terá lugar em uma ordem normal dos acontecimentos.


 Vocês erraram quando, sabendo que efeito seria produzido a partir de suas ações (a concentração da Rede BrasilCord e do cadastro do Redome no eixo Sul/Sudeste: a subtração das chances de minorias étnicas pouco representadas no Redome).


Um dos aspectos negativos de nossa denúncia que têm nos mortificado consiste no afugentamento de doadores voluntários do cadastro. As pessoas tem demonstrado pavor em face dos fatos apresentados, o que consiste numa negatividade muito grande para os pacientes que necessitam de transplante. Não é este o nosso interesse, por Deus!, tudo o que queremos é justiça, não justiça racial, pois sou contra qualquer tipo de sistema de cotas, mas justiça HUMANA. Queremos, sim, agregar valores a esta causa. Antes de começarmos nesta luta, estávamos produzindo o documentário Sob o Sol de Auschwitz, o qual abordaria a causa sob a ótica daqueles que sofrem os horrores da leucemia sem acesso digno aos meios adequados de saúde. 

Queríamos sensibilizar pessoas para se cadastrar. Sei que o cadastro não é o mais importante, sei da carência de leitos. Sei que hoje em dia, graças as técnicas do transplante haploidêntico, a combinação de dois cordões, a seleção das melhores células de cordões não tão compatíveis, etc, a demanda por uma medula óssea compatível tem diminuído. O que queremos é que estas facilidades sejam acessíveis a todos! Precisamos trabalhar isso, pois sabemos que não é algo que ocorre de um dia para outro. Sei que se continuarmos a nossa luta, teremos a vitória garantida. Mas também sei que fatalmente seremos assassinados. Quero que o sr. se reúna com o ministro Alexandre Padilha e demais cavalheiros implicados nesta história e garanta a nossa segurança. Aquelas gravações foram enviadas para o exterior e diversas partes do Brasil, com um dossiê de 409 páginas em anexo (petições, cartas abertas, gravações, matérias ligadas ao assunto, páginas do Inca com endereço e data de acesso, etc). É o nosso dossiê secreto, a nossa garantia de vida.  Se acontecer algo conosco, a história virá a público fatalmente. A própria sociedade cobrará a nossa morte da Polícia Federal e Ministério Público Federal (não somos bobos: ambos sabemos que a PF e MPF já estão no caso, acontece que, no Brasil, graças a corrupção, eles já devem estar extorquindo ao senhor e aos demais cavalheiros, para não iniciarem uma investigação formal). Se mexerem num único fio de cabelo de minha Herlene, torçam para que eu morra no ato. A Herlene é uma mulher muito inteligente, mas incapaz de sustentar sozinha esta situação - o que nem eu mesmo seria capaz de fazer).


Temo pela vida dela e a minha. Sei que o FBI e CIA nos vigia via satélite, a cada passo. Eles querem combater desvios de conduta no programa americano de transplantes às custas de nosso couro - Filhos da puta! Querem deixar as coisas acontecer. Há pessoas no Tribunal Penal Internacional lutando para fazer deste caso o seu primeiro caso digno, fora do continente africano. A procuradora-geral é uma destas pessoas que lutam para isso acontecer (e ainda dizem que lá ela é a procuradora-geral!!! Vivemos num mundo de faz de contas! Não publicarei as gravações da Medcel nem esta última, que tive com o senhor, Vou frear nossas denúncias e te pedir um tempo para pensar. Estamos prisioneiros dentro de nossa própria casa, pois quase fui assassinado no dia 26 de setembro... Só saímos para fazer o necessário na rua.

Não estamos trabalhando mais, por conta do perigo de sermos assassinados. Estamos numa situação deplorável, por isso, te pedimos, acelere este processo de nossa saída do Brasil. Por conta dos perigos que corremos, o que nos impossibilita trabalhar, passamos muita privações. Precisamos sair do Brasil urgentemente. Sei que, de sua parte e da parte do ministro Padilha, estou garantido, uma vez que vocês têm muito a perder com nossa morte. Mas existem centenas de cavalheiros não tão cordiais implicados nesta história, como, por exemplo, todos os grandes onco-hematologistas brasileiros, todos os secretários estaduais de saúde, todos os secretários do Ministério da Saúde, Beto Albuquerque e a própria presidente da República (a Lei Pietro e suas implicações e a própria Portaria N° 844).


Entre em contato com o Governo Federal. Queremos sair do Brasil imediatamente. Não aceitaremos propinas, queremos sair por meio legal, através de alguma bolsa cultural, por exemplo, que nos dê meios de viver dignamente lá fora, através de nosso trabalho. Tentem o Goethe Institut na Itália ou França. Queremos algum país europeu de língua latina. A Itália seria um bom lugar. Vamos continuar lutando pela causa onco-hematológica brasileira, mas de uma forma diferente: fiscalizaremos as novas políticas públicas da área onco-hematológica. A faremos mais justa. O senhor sabe da gravidade destas denúncias, mas também sabe que apenas uma pessoa no mundo a conduziria com êxito: eu. Se pararmos o nosso trabalho, em uma semana tudo terá caído no esquecimento. Acreditamos que já fomos muito longe. Nosso trabalho forçou o Ministério da Saúde a repatriar mais de R$ 100 milhões de reais para a área onco-hematológica brasileira (5 BSCUP, o aumento de 267.190 para 400.000 doadores ano, um aumento nunca visto nos números de TCTH, etc.). Nosso trabalho forçou muitas pessoas a rever seus erros.

Não tenham medo de que, se o acordo for firmado, algum dia eu publicarei um livro a respeito, sobretudo se eu tiver na Europa. Vocês já prestaram atenção ao meu perfil e ao de minha esposa: somos pessoas discretas, a pesar de tudo. Nossos contatos: pessoas discretíssimas, ligadas a instituições internacionais. Pessoas que ocupam cargos em instituições que exigem uma alta dose de "neutralidade de personalidade", apesar de seus espíritos tendenciosos ao romantismo. É isto. Queremos a garantia da preservação de nossas vidas.

Por favor, quando responder, dispense explicações quanto às políticas infelizes dos últimos anos.

Podemos fazer destes erros lamentáveis, que nos custaram tantas vidas, acertos para as próximas gerações.


Sincera e atenciosamente,



Ivo Sotn - Movimento Evelyn Sousa da Silva.

P.S.: Desculpa a letra pequena: vírus.  

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