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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Carta ao Presidente da Fundação Icla da Silva, Sobre a Sua Neutralidade Ante a Portaria N° 844

*Carta publicada no dia 31 de agosto de 2013 nas páginas do MESS no Facebook e Blogger deletada no dia 11 de outubro (no blogger), por conta da suspensão das atividades do MESS. 


Foto: revista Época.

Caríssimo Airam,
há poucas horas atrás, enquanto em procurava no Google informações mais consistentes sobre sua honrosa biografia, me deparei com um artigo da revista Época, assinado pelo Dr. Luis Fernando Bouzas, este cúmplice, ao lado de nosso ministro Alexandre Padilha, na instituição da Portaria n°, 844 que me causou calafrios. Como é sabido por nos dois, desde o dia 3 de março deste ano de 2013 que conversamos, via Facebook, sobre a denúncia internacional que empreendemos contra a instituição de um covarde holocausto contra as crianças brasileiras portadoras de leucemia - as negras, indígenas e mestiças em particular. Naquela oportunidade, pedimos seu apoio, o sr. pediu meu telefone e prometeu ligar na próxima semana (estávamos num domingo). Como esperamos por sua ligação naquela semana! Como foi frustrante o seu silêncio. Eu imaginei que o sr. havia pesado as coisas na balança do egoismo e medo pessoal, não que eu te considerasse um egoísta, digo isto no sentido de que atender ao nosso clamor poderia ser perigoso: sabemos que o governo americano muitas vezes chega a beirar a insanidade em sua guerra de combate ao terror. Por conta da neurose nascida no dia 11 de setembro, muitos casos são investigados e mal-interpretados. Por conta de minha conturbada biografia, a qual encerra o episódio do Aeroporto de Salvador, do dia 24 de maio do ano de 2006, você poderia passar a ser alvo de investigações da CIA e FBI. Meses depois, aqui estou eu, te escrevendo uma carta aberta, tomado por um misto de sentimentos ambivalentes: indignação e resignação, a um só tempo.
Você sabia que eu fui um dos milhares de brasileiros que votaram pela internet em você como maior personalidade latino-americana dos Estados Unidos no ano de 2010? Você não pode calcular a importância que uma pessoa tem que ter para receber meu voto! Sou averso a política e eleições há muitos anos, mesmo assim, resolvi atender ao pedido do Roosevelt e de minha própria consciência para votar em ti. A pesar da forma gritante com que as evidências se antepõem ante meus olhos, não quero acreditar que fui traído pelo Roosevelt e minha própria consciência. Não quero acreditar que você tem se encerrado numa neutralidade absoluta em relação ao Holocausto instituído por Alexandre Padilha e Luis Fernando Bouzas por conta de um mero artigo, onde Bouzas, este genocida covarde e contumaz, ressalta a importância do trabalho da Fundação Icla da Silva em cadastrar doadores de grupos raciais pouco representados no banco dos Estados Unidos. Este mesmo genocida que assina este artigo tem as mãos lavadas de sangue de crianças pouco representadas no Redome, o banco brasileiro de doadores voluntários de medula óssea. Mesmo dispondo de todas as informações genéticas necessárias e imposições jurídicas para a implantação da rede Brasilcord no Brasil, a qual visa atender a demanda de nossa população por medulas ósseas compatíveis, nosso caro genocida, Luis Fernando Bouzas, fez o contrário, seguindo por uma via criminosa, pois a Portaria n° 2.381, de 29 de setembro de 2004, que deveria ser seguida para a escolha dos Estados onde deveriam ser implantados os Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário diz:
" Art. 1º Criar a Rede Nacional de Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário para Transplantes de Células-Tronco Hematopoiéticas - BrasilCord. Parágrafo único. Essa rede pública será formada pelos Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário - BSCUP já existentes e em operação no Instituto Nacional de Câncer - INCa/Rio de Janeiro e no Hospital Israelita Albert Einstein - HIEA/São Paulo e pelos que vierem a ser implantados, com base nas
necessidades epidemiológicas, na diversidade étnica e genética da população brasileira e segundo critérios a serem estabelecidos pelo Ministério da Saúde."
Entretanto, como temos provado através de nossas investigações, o que tem gerido a implantação destes bancos no Brasil é a corrupção de Luis Fernando Bouzas e mais algumas dezenas (talvez centenas) de onco-hematologistas brasileiros e até representantes de nossas maiores faculdades de medicina, como o caso dos quatro bancos instalados no Estado de São Paulo sob o pretexto da densidade demográfica do Estado, mas, como sabemos, graças a corrupção de Luis Fernando Bouzas e demais sectários. O Estado de São Paulo tem um banco BSCUP no Hospital Israelita Albert Einstein, um no Sírio-libanês (favorecimento ao capital de entidades privadas com verbas públicas), um na Faculdade de Medicina-USP de Campinas e outro na Faculdade de Medicina-USP em Ribeirão Preto. Os quatro BSCUP instalados em São Paulo foram fruto da corrupção de Luis Fernando Bouzas, que, como gestor do programa, fechou os olhos, em troca de propina, para o principal mandamento da lei que o rege: "instalá-los com base nas necessidades epidemiológicas, na diversidade étnica e genética da população brasileira". Outros grandes contribuintes para a perpetração deste crime contra as crianças negras, indígenas e mestiças brasileiras foram os digníssimos doutores: Dimas Tadeu Covas, representante dos interesses da Faculdade de Medicina-USP, de Ribeirão Preto, no encontro ocorrido no mês de julho de 1999, promovido pela Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea; o digníssimo e falecido Dr. Júlio César Voltareli, representante neste encontro da Faculdade de Medicina-USP Campinas e Nelson Hamerchlak, representante do Hospital Israelita Albert Einstein - hospital este que, inclusive, cuidou dos "tramites" para a instalação dos BSCUP em Ribeirão Preto e Campinas. Ha!!!
O encontro de especialistas da área médica supracitado, em que foram "estudados" os critérios para a criação da Rede Brasilcord pode ser descrito, na verdade, como a reunião de um bando covarde e abjeto de genocidas que matam por dinheiro e interesses pessoais. Cada uma destas pessoas citadas na tabela abaixo, extraída de um trabalho acadêmico do próprio Luis Fernando Bouzas que encontramos vagando na internet (eu amo a internet por estas casualidades) constitui um criminoso (a) frio e calculista, pois sabiam que estes bancos de sangue de cordão deveriam, de acordo com a lei e a ética, serem instalados nos Estados do Brasil que têm em suas populações uma predominância de negros, índios e mestiços. Veja os representantes de cada Estado que tiveram nesta reunião criminosa, em julho de 1999, e examine a situação atual da rede Brasilcord: dos 12 bancos existentes, 4 estão no Estado de São Paulo, 1 no Rio de Janeiro, 1 no Rio Grande do Sul, 1 no Paraná, 1 em Santa Catarina e 1 em Brasília (dr, Hélio M. Sousa representou o Distrito Federal, através da Coordenadoria de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde). Aos Estados restantes da Federação, couberam os bancos do Pará, Pernambuco e Ceará. Uma manobra corrupta praticada por estes assassinos para manterem o monopólio sobre o armazenamento e transplante de células-tronco hematopoiéticas produzidas para o benefício da população, mas que, em verdade, beneficia um corrupto esquema de tráfico de tecidos humanos, em violação aos artigos 14, 15, 16, 17, 18 da Lei de n° 9.434 de 4 de fevereiro de 1997. (Vide o caso do Dr. Daniel Tabak, no ano de 2004: após 16 anos à frente do Centro de Transplante de Medula Óssea do Inca, ele saiu, acusado de beneficiar pacientes de suas clínicas particulares na indicação de transplantes. Luis Fernando Bouzas assumiu a vaga - e a estrutura corrupta que ele ajudou o Dr. Tabak a montar, como vice-coordenador do Cemo. Ele aprendeu direitinho a lição do mestre Tabak, como bem podes constatar, através destes fatos que vos ponho diante dos olhos, caro Airam.
Cientistas de renome a serviço da população brasileira! Que bom! Para a perfeição de nossa acusação, o fato destes nobres genocidas que estiveram presentes nestes encontros para o assassínio de nossas crianças leucêmicas não-brancas constituírem mulheres e homens versados nas leis da genética, derruba qualquer esboço de uma defesa jurídica. Estes criminosos se reuniram para atenderem seus interesses pessoais, estuprando, desta forma, a principal razão de ser da Portaria n° 2.381 e a própria infância brasileira.
O fato de eles serem conhecedores profundos das necessidades étnicas e genéticas da população brasileira os enquadra nos artigos 6° e 7° do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, os quais tipificam os crimes de Genocídio e Apartheid, fulminando, qualquer esboço de defesa jurídica, nos termos do artigo 30 do Estatuto supracitado:
"Para efeitos do presente artigo, concorre para o crime quem: a)relativamente a uma conduta, se propuser adotá-la; b)relativamente a um efeito do crime, se propuser causá-lo ou estiver ciente de que ele terá resultado numa ordem normal dos acontecimentos."
Eis a lista publicada pelo dr. Bouzas:
"BOUZAS LFS. Transplante de medula óssea em pediatria e transplante de cordão umbilical. Medicina, Ribeirão Preto, 33: 241-263, jul./set. 2000.
Diante das dificuldades já citadas no sentido de se obter CPH para transplantes alogênicos entre não aparentados no Brasil, tanto pela ausência de representatividade étnica adequada nos registros internacionais, quanto pelo tamanho ainda reduzido do “pool” de doadores do Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (REDOME), que se encontra em fase de reestruturação, surgiram vários centros interessados na constituição de Bancos de SCUP. Numa primeira oportunidade, houve uma reunião durante o encontro da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO) realizado em julho de 1999, seguido de várias outras reuniões de trabalho com a participação de representantes das principais unidades interessadas no assunto (listadas na Tabela XIII).
Tabela XIII - Participantes do grupo de estudos para criação do BrasilCord
Alfredo Mendrone JR. Hemocentro de São Paulo Hospital de Clínicas de São Paulo
Algemir L. Brunetto Instituto de Câncer Infantil Rio Grande do Sul
Dimas T. Covas Hemocentro de Ribeirão Preto Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto
Giorgio Roberto Baldanzi Seção de Hemoterapia Hospital das Clínicas da UFPR
Hélio M. Souza Coordenadoria de Sangue Hemoderivados Min. da Saúde
Jorge Neumann Laboratório de Imunologia de Transplantes Santa Casa de Porto Alegre
Luis Fernando S. Bouzas Centro de Transplante de Medula Óssea Instituto Nacional de Câncer – MS
Marcelo T. A. Veiga Seção de Hemoterapia Hospital das Clínicas da UFPR
Marco Antônio Zago Hemocentro de Ribeirão Preto Colégio Brasileiro de Hematologia
Nelson Hamerschlack Hospital Albert Einstein de São Paulo
Pedro Clóvis Junqueira Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia
Ricardo Pasquini Unidade de Transplantes de Medula Óssea Hospital das Clínicas da UFPR
Sara T. A. Saad Hemocentro de Campinas Fac. Ciências Médicas da UNICAMP
Vanderson Rocha Projeto EuroCord Hospital Saint Louis, Paris, França"
Após estas mostras incontestáveis da perfeição de nosso trabalho e exequibilidade de nossa acusação perante qualquer tribunal, esperamos estar redondamente enganados quanto ao seu silêncio ante a Portaria n° 844, caro Airam. Não queremos acreditar que um artigo de 4 linhas do Dr. Bouzas, exaltando seus feitos e a importância do trabalho da Fundação Icla da Silva seja a razão de sua neutralidade. Após leres nossa carta, te tranca em teu escritório e pensa na Icla.
Certos de seu apoio, agradecemos,
Ivo Sotn - Movimento Evelyn Sousa da Silva.
Segue em anexo o link e o artigo escrito na revista Época pelo Dr. Luis Fernando Bouzas para o presidente da Fundação Icla da Silva, Airam da Silva.

O brasileiro que revolucionou a captação de medula óssea nos Estados Unidos.
O trabalho que Airam da Silva faz nos Estados Unidos para captar doadores de medula óssea é fundamental. Conheci Airam nos anos 90. A irmã dele, Icla, tinha leucemia e não encontrava doadores. A família se mudou de Alagoas para Nova York para tentar encontrar alguém compatível, mas Icla morreu. Em 1992, eles criaram a Icla da Silva Foundation, que capta novos doadores para o registro nos Estados Unidos. Apenas 30% das pessoas que precisam de um transplante de medula encontram um doador na família. Quem não encontra precisa buscar nos registros. O dos Estados Unidos é o maior do mundo, com quase 7 milhões de doadores. A Icla Foundation se tornou um dos principais captadores para o registro americano, trazendo a cada ano quase 40 mil novos doadores. O Airam se dedica a campanhas de captação de doadores para grupos étnicos pouco representados no banco de doadores dos Estados Unidos. Isso amplia o registro americano e aumenta a chance de um paciente, sobretudo imigrante, conseguir alguém compatível e ter uma esperança de vida.

Por Luis Fernando Bouzas
Coordenador do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea e diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea do Instituto Nacional de Câncer (Inca)

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